Pe. Manuel José |
Pe. Manuel José |
Uma Santa Páscoa, Caros Irmãos em Cristo,
Não tenhamos medo – Jesus Ressuscitou.
O trânsito não engarrafado nas grandes vilas e cidades são, nestes dias, o sinal mais visível que ainda estamos na Páscoa. Os alunos ainda estão de férias, alguns mesmo ainda não regressaram das festividades do sul de Espanha e não me refiro às celebrações da Semana Santa e da Páscoa. Para a semana já começa o tormento do trânsito e já é hora de se começar a pensar mais a sério nas “vacances estivais”.
As manifestações religiosas deste tempo vão escasseando e até a ida de um senhor padre a casa dos seus paroquianos no domingo de Páscoa se torna notícia e estranheza. Algo que no passado assumia um carácter quase imperativo, passou a constar de uma tradição pouco seguida nos nossos dias. Pouco a pouco, vamos perdendo estes momentos de vivência colectiva em igreja, substituídos por um certo “fast-food religioso” que se restringe, na maioria dos casos à presença na missa dominical, sempre desejando que o senhor padre não se alongue na homilia para regressarmos depressa às nossas vidinhas.
Ao despertarmos com este evangelho para a memória dos discípulos de Emaús, damos conta que Jesus continua a ser uma presença pouco notada nas nossas vidas. Uma pergunta continua a incomodar a minha mornice: já mudou alguma coisa na minha vida na “passagem” desta Páscoa?
No meio da turbulência dos nossos dias somos agredidos por inúmeras notícias que trazem à evidência as misérias deste mundo. Somos tentados a nos transformarmos numa espécie de moluscos que enfiam nas suas cascas, esperando que as adversidades passem e possamos regressar ao nosso lento rastejar na procura de uma planta verde e apetitosa.
A leitura e meditação do evangelho é sempre uma oportunidade para nos deixarmos abanar e, de certa forma, deixarmos cair algumas das nossas certezas e medos de mudança. Uma oportunidade para nos deixarmos tocar, mesmo quando não conseguimos ver e entender tudo o que vai acontecendo nestes dias.
Leio a Palavra e sinto o mesmo que aqueles dois homens desesperados que regressavam a casa tristes pela morte do seu Mestre e sem entender tudo aquilo que tinha acontecido naqueles anos em que O seguiram? Medito na Palavra e não sinto o meu coração a arder?
Já passaram muitos anos após o meu encontro pessoal com Jesus e ainda me debato com medos. Medos que evidenciam a minha fé pequenina, me toldam a vista e não me deixam focar só no essencial.
À medida que vamos envelhecendo e, ao mesmo tempo, procurando dar sentido às nossas vidas, não devemos ficar nos lamentos de tudo o que fizemos de mal e, sobretudo, a todo o bem que deixámos por fazer. Aproveitemos o tempo que o Senhor do Tempo nos dá, para corrigir o nosso caminhar para Deus e, assim, dar o verdadeiro sentido à nossa vida.
Hoje Jesus cruza-se connosco para nos relembrar os sinais para termos esperança e não nos deixarmos vencer pelos ruídos ensurdecedores deste mundo, que só procuram nos afastar de Deus. Aumenta Senhor a nossa Fé, para que a cada gesto de Amor recebido de Ti ou por nós levado aos nossos irmãos, possamos sentir este nosso velho coração a arder.
Aleluia, Aleluia, Aleluia.
Um abraço fraterno deste vosso inútil servo antóniodesousa